domingo, 11 de dezembro de 2011

uivos e ouvidos

Um cão uivava infausto, espalhando um chamado lamentoso de dar dó a qualquer um que o ouvisse. Os uivos se propagavam abocanhando o espaço, interrompendo o silêncio, atravessando janelas, chegando aos ouvidos, soando o dito popular: “um cão uivando anuncia a morte de alguém”. 
Foi o alarme para meus poros se esgazearem num balé de pelos arrepiados. Procurei uma superfície de madeira e bati três vezes, dissolvendo assim a possibilidade do dito acontecer.
Dito fora e arrepiados pelos aos seus poros, fui à mente e imaginação até o suposto lugar onde o cão estaria. Especulei vê-lo no quintal de uma casa, acorrentado, uivando a ausência de seus donos...Talvez dentro de um buraco, caído por descuido à própria sorte e desorientação. 
Triste imagem, para um uivo que poderia ser um ulular de felicidade por uma cadela no cio.  
E num pouso brusco, a mente aterrissou forçada pelo silencio que engolira os uivos.
Contudo, os uivos ausentes, não eram o suficiente para aquietar a imaginação. Se os uivos cessaram é porque os donos chegaram, acabando assim sua aflição!  A menos que a fêmea tenha dado ouvidos aos seus uivos e se deixado... E uma britadeira se interpôs estridente, interrompendo a divagada imaginação.
Só poderia ser um conserto de alguma companhia de serviços: light, net, gás, sky, telefone... 
E os ouvidos, agora sem os uivos, atentos aos demais ruídos, prosseguiram cúmplices da imaginação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário